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POR:
Anderson Antikievicz Costa
Jornalista e professor
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Denuncie a exploração sexual de crianças e adolescentes
Aluno de Jornalismo cria campanha para a Prefeitura de Céu Azul
8 de junho de 2020
No Brasil, são 5 casos de violência infantil por hora. Mais de 70% dos casos ocorrem dentro da casa do abusador ou da família. E na grande maioria das vezes, o abusador é o pai, a mãe, os padrastos ou parentes próximos.
Esse problema grave foi tema de uma campanha audiovisual desenvolvida pelo acadêmico Gabriel Portella, do curso de Jornalismo da Univel, para a Prefeitura de Céu Azul. O trabalho, orientado pela professora Letícia Garcia, foi criado na disciplina de Tópico Integrador em Jornalismo: Inovação em Mídias Educativas.
A impactante campanha chamou atenção da população, e a Prefeitura espera que isso conscientize os cidadãos e os incentive a denunciar casos de abuso sexual. Para denunciar, Disque 100, ou entre em contato com o Conselho Tutelar ou mesmo diretamente com a Polícia.
Conversamos com Gabriel Portella sobre a produção. Confira:
360on > Como surgiu a ideia da campanha?
Na disciplina de Tópico Integrador em Jornalismo: Inovação em Mídias Educativas, fomos requisitados a fazer um projeto social onde desenvolveríamos, através da mídia, soluções educativas para uma problemática. Como cresci em Céu Azul, e como Jornalismo é um serviço público, decidi escolher uma instituição daqui para promover o trabalho e acabei optando por oferecer os serviços acadêmicos ao Cras (Centro de Referência de Assistência Social), onde fui muito bem recebido.
A ideia do trabalho não era que os alunos impusessem algo e sim trabalhassem com as demandas da instituição. No caso do Cras, em uma conversa que tive com as coordenadoras, foi apontado a falta de conhecimento das pessoas sobre características básicas da instituição (como localização, serviços prestados, dentre outras) e também a necessidade da criação de um material que pudesse ser usado no dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Como instituição pública, senti que tinha uma responsabilidade maior e resolvi buscar, ao fazer o briefing, referências em outras campanhas feitas pelos poder público. O Governo do Paraná lançou, em 2018, uma campanha que penso ser exemplar em nível mundial. “Não Engula o Choro” promoveu uma nova e mais atual abordagem em relação à violência infantil e divulgou dados inéditos e importantes sobre tal cenário. Observando também o desempenho de campanhas feitas por órgãos internacionais que trabalham com crianças, como a Unesco e a Unicef, resolvi criar a campanha “Não sorria, chore.”, que une elementos chocantes e dramáticos com uma linguagem popular e acessível, pautada principalmente na divulgação dos dados.
360on > Como foi a produção? Quais os principais cuidados que vocês tomaram para tratar de um assunto tão sério e quais foram as maiores dificuldades?
A produção ocorreu de forma bem simples e em questão de duas horas tudo foi filmado e fotografado. Quando falamos de qualquer assunto, sempre escolhemos uma perspectiva para abordá-lo. Optei por criar uma campanha que expusesse a realidade como tal: as crianças, em sua maioria, não estão seguras em casa e o perfil dos agressores e abusadores, na maioria dos casos, é uma familiar muito próximo a vítima do sexo masculino. Os maiores cuidados foi para não minimizar a importância de reconhecer os sinais da violência e não expor tal violência como sendo algo feita, na maior parte dos casos, por uma figura vilanesca de fora do mundo da vítima.
Sem dúvidas, a maior dificuldade foi a apuração dos dados. O Brasil carece de informação e transparência em relação a esse a assunto. Há uma divergência muito grande entre os números.
360on > Como foi a recepção do trabalho?
Dentro do Cras e da Prefeitura Municipal de Céu Azul, o trabalho foi muito bem recebido. Todos agradeceram o projeto acadêmico desenvolvido e foram muito acessíveis. Os funcionários da saúde do município também agradeceram a produção do material.
Os feedbacks das pessoas com as quais tive contato e os comentários deixados por várias outras nas publicações nas redes sociais foram bem positivos. Todos reconheceram a profundidade do material e elogiaram a iniciativa do município em promover espaços para que jovens universitários que estudam em instituições em outras cidades possam aplicar seu conhecimento em prol de Céu Azul.
360on > O que aprendeu com o trabalho?
A aprendizagem foi imensa e veio de diferentes maneiras. Esse foi meu primeiro trabalho onde os ensinamentos que aprendo em jornalismo e as técnicas de comunicação aplicadas tiveram seu êxito testados pela própria sociedade como um todo. Como o jornalismo é uma prestação de serviço público, foi muito gratificante entender na prática todo os processos que envolvem a produção de um material jornalístico (mesmo que nesse caso, um pouco publicitário). Com os feedbacks do público e opiniões de especialistas nas áreas referentes ao trabalho, posso analisar se fiz um trabalho correto.
Ademais, aprendi também a sentir as demandas da sociedade, especialmente em nível local, e como ela reage ao cumprimento de tais demandas. Utilizando técnicas que aprendi em diferentes disciplinas do curso ao longo dos dois anos em que estudo, pude perceber também a importância de uma boa comunicação não apenas com o público-alvo, mas também institucional, com os supervisores do trabalho, onde a postura profissional deve ser preservada mantendo em mente que o trabalho é para o povo, não para uma página de portfólio.
360on > Que recado gostaria de deixar para quem já viu a campanha?
Vocês viram uma parte recortada da realidade do Brasil. Não devemos ignorá-la. Para que as coisas melhorem, os dados devem ser respeitados e, a partir deles e não das convicções individuais de cada, medidas públicas devem ser cobradas. Denunciem.