360on > Você fundou a Taste e agora a Beatnik and Sons. O quanto você se considera um empreendedor e como tem sido essa experiência? Qual a importância para ti e para a marca a “produção de forma ética no Brasil”?
Renan Molin > Eu adoro criar coisas e acho que montar negócios é uma forma incrível de ser criativo, ainda mais no Brasil. Acho que a Taste me deu uma ótima base para estar preparado para montar a Beatnik. Durante os cinco anos de Taste eu estive mais à frente dos negócios com nossos clientes, tive que estudar e aprender o que fazia a roda girar para eles. E fui responsável por estruturar o núcleo de digital, mídia e planejamento da agência. São coisas que me deram uma base importante para não ser só um cara com uma ideia. Como diz o Renato Freitas, fundador da 99Taxi, “Ideia tem de bacia por aí, quero ver colocar de pé” e na Taste eu aprendi a me virar e pôr as coisas de pé, entender o que fazia elas ficarem de pé. A Beatnik nasceu DTC (canais de venda direta ao consumidor) e 100% online. Para você ter ideia, no primeiro ano quem fazia toda a parte de planejamento e execução de mídia digital era eu. Ou seja, não tem atalho, não tem caminho fácil e como eu não me considero um cara talentoso, eu sempre tive que trabalhar muito mais do que a galera ao meu redor para poder conseguir chegar nos lugares que eu queria chegar e isso te dá uma certa segurança na hora de empreender, porque você já sabe que não tem atalhos… É trabalhar mais que todo mundo para fazer virar.
360on > Ainda sobre a Beatnik and Sons… Considerando o nome e os produtos focados no viajante, deduzo que o pensamento da contracultura de Jack Kerouac, Ginsberg e Burroughs te acompanham. É de fato uma influência no teu trabalho ou apenas é um bom conceito de marca?
Renan Molin > Eu sou um grande fã do movimento Beatnik. No final de 2015, quando eu tinha vendido minha participação na Taste e estava no meio daquela crise de identidade profissional absurda, tudo que eu queria fazer era morar com uma mochila dentro de um ônibus. Nesse momento eu vendi tudo que tinha em casa, doei minhas roupas, entreguei meu apê e fui morar num Airbnb (que de contracultura não tem nada, sejamos francos, mas os tempos são outros). Nesse momento morar em uma mochila me pareceu algo muito correto, muito genuíno ao que eu vivia naquela fase e isso me inspirou a olhar para a mochila como um símbolo desse sentimento de não me sentir preso a algo que não fizesse mais sentido viver. Eu queria ampliar minha visão sobre o mundo e sobre aquilo que eu fazia. Foi aí que nasceu a Beatnik e com certeza o movimento Beatnik traduz de forma muito genuína essa intenção. Mas o mais surpreendente é que o nome foi uma coincidência muito feliz. Na verdade, foi a Beatnik quem me encontrou e não o contrário. O nome já existia e era registrado desde 2001 e funcionou como uma marca de bolsas até meados de 2005 quando faliu. No fim de 2015, durante a minha fase Airbnb way of life (estilo de vida em airbnb), eu fui apresentado para o antigo dono dela, que naquela época tinha uma fábrica que produzia brindes. Quando eu cheguei com o desenho da Terry e contei para ele sobre meu desejo de criar uma marca de mochilas para viajantes nômades, nós acabamos ficando amigos e ele me contou sobre a existência dessa marca. E tudo fez sentido. Então eu comprei a marca e refundei ela como Beatnik & Sons. Então é impossível negar que o movimento Beat faça parte do nosso trabalho na marca. A marca nasce com o espírito Beat e é umbilicalmente ligada a ele.